Essa foi a tradução de um conceito citado em um programa de rádio - que por muito tempo admirei - para rebater a resposta de um ouvinte à respeito da notícia discutida e em questão: Um humorista, de um determinado espetáculo foi preso por fazer uma piada racista. Correto ou não, essa não é a questão. O espetáculo tem no próprio nome e no termo circunstancial a que todos são obrigados a assinar na entrada do mesmo, a explícita indicação "SEM LIMITES", ou seja, piadas seriam metralhadas sem qualquer discernimento. A questão, como disse, não é a situação, pois a liberdade de expressão todos sabemos que já não é tão livre, mas o direito de se ofender não possui barreiras. Nem mesmo a da lógica. Pois então, para rebater ao ouvinte que disse: "Brasil. País onde humoristas são criminosos e políticos não", o participante do programa rebate sem a maior preocupação a afirmação do ouvinte, dizendo: "Ah! Essa frase virou clichê!".
E é sobre que iremos conversar.
Essa informação arbitrária e absurda foi o trago matinal, o desjejum de muitas pessoas. O excedente cognitivo cada vez mais reduzido nos dias de hoje, foi obrigado a compartilhar um conceito sem direito de resposta tratando-se apenas da desvalorização da valorização. Conceito bizarro e distorcido do que está acontecendo hoje, sim! A desvalorização do que realmente tem valor! O assunto foi jogado de lado e conceituado como clichê, e o pior de tudo isso é que é: diário. consecutivo. crescente.
Nos encontramos em crescente desenvolvimento do compartilhamento de informações, e nenhuma mobilização, nem sequer um comentário, uma frase, uma palavra foi compartilhada! Ao invés disso, os mesmos assuntos em pauta: Futebol, BBB, Novelas, Vida de Artistas e etc. Notícias sem a menor importância, e as poucas que foram compartilhadas ou publicadas não detinham o espaço que mereciam.
Em tempos onde podemos publicar, compartilhar, nos relacionar com a maior facilidade, não o fazemos. Deixamos que valores sejam descartados, substituídos, excluídos do ciclo do bom senso! A cultura de participação brasileira resume-se apenas aos assuntos que não nos fazem lembrar dos problemas!? Essa realidade é cômoda e maligna, como um câncer, que só notaremos de maneira tardia e irreversível. Quantas vezes não escutamos: "...Ah, prefiro ver isso do que notícias sobre mortes, assaltos e política...".
Simplesmente perdemos o discernimento da realidade. A inversão de valores é um problema grave e cada vez mais comum! Brigamos por conta de carnaval, de futebol e de maconha, discutimos programas de TV e vida de artistas, nos espelhamos em quem não nos dá nenhum motivo para tal e nos preocupamos apenas com o nosso jardim, esperando que floresça mais rico e colorido, não importando a quem custe e a que valores estaremos nos desvinculando.
Nesse mesmo dia, colhi imagens dos principais portais de notícias utilizando a mais idiota das teorias da semiótica da imagem para separar o que realmente interessava do que realmente não interessava (se você não entendeu, verde significa "legal, interessante" e vermelho "inútil").
Vai de cada um escolher como nutrir o excedente cognitivo, mas também é responsabilidade de cada um publicar e compartilhar material de qualidade. É disso que se trata o universo (que não é mais paralelo) da comunicação.